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quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Saiba como evitar os ferimentos que mais atingem os nossos companheiros de quatro patas


Manter seu animal dentro de casa e usar sempre guia e coleira ao passear com os cães são atitudes importantes ,  Mas os atropelamentos, juntamente com as brigas, estão entre as principais causas que levam animais às clínicas e hospitais veterinários.
Nesta reportagem, última da série 5+, você saberá quais são e como evitar esses graves acidentes. E ainda, como prestar primeiros socorros aos companheiros peludos em situações de emergência.
Apesar de muito inteligentes, não podemos esperar que atravessar ruas desacompanhados faça parte do aprendizado de cães e gatos. Isso sem mencionar que alguns seres humanos (nem sempre inteligentes) desrespeitam as regras de trânsito, tornando o ambiente das ruas ainda mais perigoso.
“Entre as causas mais freqüentes de atropelamentos estão a falha no uso de coleiras e guias, além das fugas, relacionadas com portões eletrônico, portas sem trancas ou pessoas da casa saindo e entrando a toda hora. Para piorar, são raros os locais em que se pode soltar o animal sem riscos, como praças cercadas”, explica Rosângela Ribeiro, veterinária técnica da ARCA Brasil.
“Mesmo cães altamente treinados devem usar coleira e guia, pois podem ver algo que os assustem e sair correndo pela rua”, alerta a médica, que ainda lembra que quem passeia com o animal deve ser capaz de contê-lo em qualquer situação. Já em relação aos gatos, além das telas protetoras nas janelas, Rosângela recomenda a castração precoce, tanto do macho quanto da fêmea, para evitar o hábito de dar aquelas voltinhas perigosas, que além de tudo os expõem a brigas e envenenamentos.
As recomendações de Rúbia Burnier, médica veterinária especializada em comportamento animal, são para adestrar o animal para que não saia quando o portão abrir. Também é preciso, estar atento às reações e temperamento do animal na rua.  Ela explica que o perigo pode estar dentro do próprio lar: “É preciso evitar que os cães fiquem soltos na garagem, são comuns atropelamentos dentro da própria casa, pelo dono”.
Para garantir a pazDe acordo com Rúbia os animais brigam por vários motivos: “Dentro de casa os conflitos geralmente acontecem por disputa de poder, território, alimento, brinquedos ou pela atenção do dono. São comuns brigas entre animais do mesmo sexo e as fêmeas costumam ser mais intolerantes. De maneira geral, cães e gatos não gostam de dividir seu espaço, muito menos seu ‘status’ dentro do grupo. Sentem-se ameaçados quando outro invade seu espaço”.
“Na rua, o limite tolerável para um cão dominante, por exemplo, é de 1 metro em torno dele e do seu dono. Se o cão sentir-se ameaçado ele vai reagir, latindo ou mesmo avançando sobre o ‘inimigo’”, explica Rúbia. De acordo com a médica, cães pouco socializados e que não estejam sob controle do dono são os que mais causam problemas em lugares públicos. “Brigas e ataques inesperados são comuns, geralmente causados por negligência das pessoas que os conduzem. Há casos mais graves onde o cão assume uma atitude de ‘caça’ e persegue o outro mesmo sem ter sido diretamente provocado. Esses cães precisam de atenção especial e ações preventivas”, completa.
A educação (disciplina), sociabilização e preparação do animal para conviver com outros é o caminho recomendado pela profissional para evitar brigas. “O animal se adapta ao ambiente onde vive e desenvolve estratégias para se comunicar e defender seus interesses. Se o ambiente não diz claramente quais são as regras a serem seguidas, ele agirá apenas de acordo com seu instinto e temperamento”, avisa Rúbia Burnier.
“Gastar as energias, lazer, passeios e principalmente, dar espaço suficiente para todos os animais, são requisitos que podem levar à paz”, diz a médica. Ela recomenda que as atitudes agressivas sejam reprimidas, sempre incentivando o contato com outros bichos. “Os animais não sentem culpa e não agem por vingança, mas podem e devem aprender a controlar seus instintos e sua agressividade. Cabe a nós ajudá-los”, completa a veterinária.
Brigas: muita calma nessa horaSegundo Rúbia, durante uma briga não se deve tocar os animais. “A não ser que a pessoa tenha muita confiança e consiga puxar o cão pela guia, o que não deixa de ser arriscado, pois o cão pode redirecionar o ataque e morder até mesmo o dono”, explica ela.
Rosângela Ribeiro também salienta o perigo de interferir no conflito. “Deve-se evitar envolver-se diretamente, usando as mãos ou pernas, principalmente quando são cães grandes”, alerta. Para apartar o conflito, ela recomenda o uso de aparelhos sonoros como buzinas em spray, extintores de incêndio ou panelas batendo. Outra opção seria usar jatos de água. “Vassouras e outros objetos podem piorar a agressividade dos animais e também machucá-los gravemente. Já atendi casos em que o proprietário fraturou a coluna do cão com a vassoura durante a separação de uma briga”, previne ela.
Primeiros socorrosA médica alerta para a necessidade de levar o animal ao veterinário mesmo quanto tiver apenas pequenas mordeduras, de acordo com ela, essas feridas têm grandes chances de infeccionar. 
Nos casos de atropelamentos, devemos primeiramente impedir outros acidentes, sinalizando o local e procurando ajuda de outras pessoas para desviar o trânsito, explica Rosângela. Segundo ela, como o animal está em uma situação de extremo stress físico e psicológico – por vezes com muita dor -, o cão ou gato podem não reconhecer o próprio dono e mesmo tentar feri-lo. No caso do cão, isso pode ser evitado atando um pano ou cadarço na boca do animal, como uma focinheira, mas essa medida não deve ser mantida por muito tempo, para não atrapalhar sua respiração. Procure acalmá-lo, falando com ele.
Caso haja necessidade de remover o acidentado, deve ser usado um pano grande ou toalha envolvendo todo o corpo do animal – como uma maca –, sem desviar os membros e coluna do eixo horizontal para não piorar possíveis fraturas. Em caso de hemorragia intensa em alguma parte visível do corpo, é preciso pressionar um pano seco e limpo sobre a área até a chegada ao médico. O atendimento imediato por um veterinário é fundamental para garantir a sobrevida de seu animal, que pode não demonstrar ferimentos externos, mas estar gravemente ferido por dentro.  Além das clínicas e hospitais, existem os resgates, que vão buscar as vítimas no local do acidente. Mantenha o telefone dos profissionais de sua confiança na porta de sua geladeira. E lembre-se sempre de usar a guia e coleira.    
Ps.: Se os animais saírem correndo assustados após o acidente, é importante não perdê-los de vista e esperar que se acalmem (pode-se usar algum agrado) até que se possa levá-los ao médico veterinário para saber se não têm ferimentos.
Coaboraram: Maria Cláudia Inglês de Souza e Geni Patrício, ambas veterinárias.

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